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Bombardeios de Hiroshima e Nagasaki
O domínio da energia nuclear é considerado um dos grandes feitos da ciência, mas foi a partir desse avanço que grandes tragédias ocorreram no mundo. A primeira catástrofe aconteceu em 6 e 9 de agosto de 1945, quando os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki. Acredita-se que até dezembro de 1945, cerca de 110 mil pessoas morreram em ambas as cidades, vítimas do resultado da explosão e radiação. Outros estudos estimam que possam ter morrido até 210 mil pessoas, considerando sobreviventes que teriam morrido, posteriormente, em decorrência de doenças ocasionadas pela radiação.
Conflito entre Japão e Estados Unidos
O ano de 1945 ficou marcado pelo primeiro e último ataque envolvendo armas nucleares. O objetivo do ato, segundo os Estados Unidos, era forçar a rendição do Japão e evitar uma provável invasão por terra, que resultaria em milhares de mortes. O conflito entre os dois países, Japão e Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, se iniciou após o ataque japonês à base naval norte-americana de Pearl Harbor, em dezembro de 1941.
A princípio, o Japão triunfou e conquistou vários territórios da Ásia, desorganizando as forças americanas, inglesas e francesas. Porém, pouco a pouco o país se viu falido e sua derrota era iminente, principalmente após a batalha de Midway, onde a Marinha Imperial Japonesa foi fortemente danificada. Embora o Japão não tivesse mais condições para continuar na guerra, ele se recusava a assinar a rendição. Os Estados Unidos, juntamente com os Aliados, passaram a planejar uma invasão ao território japonês. Assim, teve início o plano de bombardeio que ficaria marcado na história como um período de medo e horror.
Projeto Manhattan
As duas bombas foram desenvolvidas no Projeto Manhattan, que teve início em 1939, quando o presidente americano, Franklin Roosevelt, recebeu uma carta assinada por Albert Einstein, alertando os Estados Unidos sobre um possível projeto alemão de construção de armas atômicas. A partir daí, os Estados Unidos, em mobilização com o Reino Unido e o Canadá, empregaram milhares de colaboradores para o desenvolvimento das bombas atômicas, utilizando a energia gerada a partir da fissão nuclear de urânio e plutônio. A equipe contava com dez ganhadores do Prêmio Nobel.
Durante a idealização, acreditava-se que a bomba seria usada contra o governo nazista na Alemanha, mas após o declínio de Adolf Hitler, a subsequente rendição dos alemães no dia 7 de maio de 1945 e a negativa japonesa em se render, os norte-americanos optaram por utilizar a bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima. Muitos membros da equipe do Projeto Manhattan, entre eles matemáticos, químicos e físicos de grande renome, foram contra o uso da bomba nas cidades japonesas.
Ataques a Hiroshima e Nagasaki
O ataque a Hiroshima aconteceu no dia 6 de agosto de 1945, às 8h15 e foi realizado de um bombardeiro B-29 chamado Enola Gay. O avião era pilotado por Paul Tibbets, que escolheu a ponte Aioi como alvo central. A bomba de urânio, apelidada de “little boy”, explodiu a cerca de 580 metros de altura, originando uma bola de fogo, que espalhou um clarão pela cidade e uma onda de calor de 300 mil graus Celsius, responsável pela destruição material de quase toda cidade de Hiroshima, além de resultar em 80 mil vítimas imediatas.
Várias pessoas tiveram seus corpos vaporizados instantaneamente, outras foram carbonizadas e grandes incêndios se espalharam pela cidade. Apesar disso, o governo japonês acreditava numa resistência final do povo, que resultaria na derrota americana. A recusa japonesa fez com que os EUA utilizassem a sua segunda bomba, três dias depois. A bomba deveria ter sido lançada na cidade japonesa de Kokura, mas, a condição climática da cidade fez com que os pilotos fossem para Nagasaki.
A bomba usada em Nagasaki era mais poderosa que a de Hiroshima, no entanto parte da cidade foi protegida por sua tipografia que possuía montanhas, morros e vales. Até por essa razão, a cidade não era uma opção no início. Assim, o bombardeio feito pela Fat Man, uma bomba de plutônio, matou aproximadamente 40 mil pessoas imediatamente. O ataque aconteceu no dia 9 de agosto de 1945, às 11h02, com o avião B-29 Bock’s Car. O uso das bombas fez com que o Japão se rendesse em 14 de agosto de 1945. A transição do Japão no pós-guerra foi realizada de acordo com os termos estipulados pelos Estados Unidos.
Sobreviventes e o mundo pós-guerra
Os sobreviventes relataram o horror que se espalhou pelas cidades. As pessoas estavam feridas de todas as formas possíveis. Os relatos mais fortes falam de vítimas com a pele derretida presa ao corpo. Outros afirmam que tiveram as órbitas oculares derretidas pelo calor. Os que não morreram com a radiação desenvolveram cataratas e tumores malignos. Nos cinco anos após os ataques, houve um aumento drástico nos casos de leucemia em Hiroshima e Nagasaki. Dez anos depois, a taxa de incidência de câncer de tireoide, de mama e de pulmão entre os sobreviventes era mais alta que a do resto da população.
As vítimas sobreviventes dos bombardeios ficaram conhecidas como hibakushas e tiveram que conviver com traumas e o preconceito do restante da sociedade japonesa. Durante anos lutaram para que o governo arcasse com os custos médicos. Hiroshima e Nagasaki se reergueram e são hoje, importantes centros comerciais e industriais no Japão. Ambas têm monumentos em memória às vítimas das bombas.
Os hibakushas ainda vivos, já são idosos. Muitos eram crianças ou estavam na barriga de suas mães quando tudo aconteceu. Alguns se tornaram ativistas contra o desenvolvimento de armas nucleares e compartilham suas histórias para manter viva a lembrança dos horrores da guerra. A desolação causada pelas duas bombas é objeto, até hoje, de um intenso debate ético sobre a real necessidade de um ataque devastador sobre a população civil japonesa.